terça-feira, 5 de julho de 2011

Toada da Engenharia



Não nasci pra ser doutor
Mas não tive opção
Hoje o tempo mudou
O cenário do sertão
Me criei pegando gado
Ver pasto pra todo lado
Era minha alegria
Mas devido as circunstancias
Hoje busco a esperança
Nos campos da engenharia

No passado eram feitas
Varias casas de barro
As estradas eram estreitas
E não se passava carros
Hoje em dia evoluiu
Até espanta quem viu
Aquele mundo atrasado
Com a tecnologia
Nos campos da engenharia
O sertão está mudado

As secas de antigamente
Hoje não sabem o que é
Ainda vem na minha mente
Aquele monte de mulher
Com os baldes na cabeça
E pra que ninguém esqueça
De que aquilo era uma agonia
Hoje a água é encanada
Chega direto nas casas
Graças a engenharia

Mas também eu não joguei
Meu velho chapéu de couro
Minha raiz não deixei
Vaquejada ainda corro
Faço calculo e desenho
Mas não esqueço de onde venho
Disso eu lembro todo dia
Quem vê não acredita não
Na faculdade um matutão
Estudando engenharia

Eu quero chegar bem longe
Nos projetos que eu fizer
Não ver mais sofrer os homens
E muito menos mulher
Preservar a natureza
Acabar com a incerteza
De colher a plantação
Canais para irrigar
Ver esperança brotar
No coração do sertão

Eu quero deixar bem claro
Que o nordeste ainda sofre
É preciso mais trabalho
De homens honestos e nobres
Todo inverno é assim
Um sofrimento sem fim
A água castigando o povo
E o povo é inocente
No canto que deu enchente
Constroem tudo de novo

Profissional é o que não falta
O que falta é atitude
Por essa questão em pauta
Pra que a situação mude
Tudo hoje evolui
Morar na beira do rio
Não é mais necessidade
Pois quando o rio da uma cheia
Das casas encobre as telhas
Acabando com a cidade

Correntes em pernambuco
Quebrângulo em alagoas
A água levou quase tudo
Casas pontes e pessoas
Acabou com o comercio
Transformado em sem-teto
Gente que tinha mansões
É bom escolhermos bem
Na hora de votar em alguém
Nas próximas eleições

Me perdoe meu caro amigo
Sair do tema da toada
Pode até ser um perigo
Falar de obras planejadas
Que já foram pagas a tempo
E nunca em nenhum momento
Chegaram a sair do papel
Só restam as construções
Que mais parecem lixões
Abandonadas ao léu

Tenho exemplos a dar
Mas não vou citar nenhum
Pois em tudo que é lugar
Cabra ruim sempre tem um
Pra entregar pro culpado
Quem ta falando do errado
Que de certo esse já fez
E a historia do poeta
Cedo e antes da época
Se torna em "era uma vez"

Engenharia civil
É um profissão honrada
E pra pagar os meus estudos
Meu pai fez longa jornada
Trabalhou limpando roça
Levou madeira nas costas
Pra chegar onde chegou
E me deu o que não teve
Sendo esse o sonho dele
Pois ele não estudou

Me chamavam de doutor
Antes mesmo de eu falar
Meu caminho ele traçou
Quando eu nem sabia andar
E para ter merecimento
Vou chegar ao momento
Que ele tanto queria
Ver o seu filho formado
Conhecido e respeitado
Na área da engenharia

Ciço .Poeta, 19/06/2011, 02:56

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