terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Caras


Um rosto sem expressão
É o retrato de um peito sem sentimento
É uma bandeira sem cor
dependurada no mastro balançando ao vento

Tem caras de tristeza
Caras de contentamento
Caras despreocupadas
Caras de lamento
Caras-de-pau
E até caras de jumento
Só o que não pode, não serve
É cara de descaramento

Uma cara descaramentada
Causa descaramentação
Descaramentando outras caras
Que antes tinham emoção
Agora não tem emoção nem nada
Resta só aquela cara
Uma cara sem expressão.

Ciço .Poeta, 19/01/2011, 23:56

Queria fazer o que quero

Queria dormir tarde e acordar quando quiser
Jogar meu video-game ou ficar vendo Animê
Chegar segunda feira e não ter nada pra fazer
Mas minha vida é uma merda, não sei porque eu fui nascer.

Queria ser criança, não precisava crescer
Queria viajar, muitos lugares conhecer
Não ter que trabalhar, nunca querer enriquecer
Não precisar do bar, não ter motivos pra beber
Nunca me estressar e ter vontade de morrer
E quando ficar triste não ter que explicar porque

Queria fazer o que quero
E não o que ter que fazer.

Ciço .Poeta, Terça-feira

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O melhor lugar do mundo



O melhor lugar do mundo
não existe e não tem fim
é escuro e não fundo
e não foi feito para mim

é de água limpa e rasa
na entrada um portão
todo cercado por guardas
lacrando a imensidão

feito de gelo flamejante
e de chamas congeladas
qualquer cavaleiro errante
se perde pela estrada

tudo que tem é pouco
e o pouco que tem já basta
de que adianta o ouro
se a fome vem e te mata

o melhor lugar do mundo
se existiu não existe mais
matas e lagos sujos
mais suja ainda a paz.


Cicero Chaves

Dark Land

Não quero ir-me embora
Não quero ficar
Não quero morrer
Não quero matar
Não quero beber
Não quero fumar
Não quero te ver
Não quero te olhar

Vejo criaturas que voam e rastejam
Rodeiam-me e viajam no céu
Monstros de olhos grandes festejam
E fazem à dança do créw

Pra cada pele uma textura
Pra cada pelo uma cor
Pra cada ruído um lamento
Pra cada lagrima uma dor

Víamos a noite sem estrelas
Dezesseis luas tomavam conta do céu
Dentre todas, a mais bela era Diana
Uma dama de vermelho
O sangue a cobria como um véu

Não quero ir-me embora
Não hoje, não agora.
Quero me embriagar de fantasias
Quero matar o que ah de ser morto
Participar do caos e agonia
De tristezas e alegrias
Sentir prazer e desconforto

Via olhos que voavam
E peixes rastejando ao meu lado
Sangue jorrava da terra negra
E tantos seres bizarros
Bebiam do sangue e fumavam cigarros
Que me parecia trazer tanto prazer

Há dias faz anos
Que cheguei a essa terra
Sem lembrar o caminho de volta
Do meu velho mundo imundo
Aqui não existem guerras
Só presas e predadores
Os dias são tão escuros
Quanto são claras as noites


Gritos e gargalhadas
Acompanhadas de silêncio e eco
Correm por todos os cantos.
Causando tanto desespero
E viajam aos prantos
Os grandes olhos voadores
Que com lagrimas acidas
Espalham terror em peso

Monstros de garras enormes
Dentes tão fortes quanto aço
Destrincham suas vitimas
Com muita calma e cuidado
E uma sutileza cirúrgica
Fazem por horas esse trabalho

E outros seres que correm
Atingem a velocidade que querem
Mas preferem correr
Na mesma velocidade da vitima
Preferem a ver morrer
De medo e desespero
Gargalhadas assustadoras
São as únicas palavras que sabem pronunciar

Mas a dor pode também não ser tão mal
Já que os que aqui morrem
Ressurgir do vento é normal
Para os que bebem
Se embriagar é fatal
Para os que caçam
O cheiro que vem com o vento é o sinal

Já enlouqueci há muito tempo
Enquanto fumo dos cigarros
E bebo do sangue
Recito poesias para as dezesseis damas no céu
E digo
Enquanto houver fumaça
Haverá poesia
Enquanto houver loucura
Há de haver fantasia

Esse é o tipo de lugar
Que nem o mais punk dos filme de horror
É capaz de imitar
Nem nos gritos de dor
Nem o fogo que voa
Nem nos olhos famintos
Nem na de sangue lagoa


Vou pedir a Diana
Que com ajuda do vento
Leve minha carta aos vivos
Se não houver endereço
Só uma grande mancha de sangue
Contando horrores e medos
Onde não existem homens
E nem os seus segredos
Eis que seja minha carta.

Cicero Chaves 21-04-08

domingo, 9 de janeiro de 2011

Revolta IV (soneto)

Vou abafar a tristeza do mundo com as mãos
Sufocar os sentimentos duvidosos
Duvidar da fé dos esperançosos
E esperar pela vitoriosa solidão

Queimarei os olhos dos que verão
Cortarei a língua dos medrosos
Arrancarei o peito dos corajosos
Irei buscar os que não virão

Separarei o sangue dos irmãos
Dar-lhes-ei a profundidade da escuridão
Farei deles um altar de ossos

Por fim darei o mundo aos que nunca o tiveram
Plantem agora a miséria e o caos que colheram
Vamos dar um fim ao que nunca foi nosso.

Cicero Chaves Lemos Junior 03-04-2009, 22:09

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O Melhor lugar do mundo II

O melhor lugar do mundo
Não existe e não tem fim
É escuro e não tem fundo
E não foi feito para mim

De água limpa e rasa
Enfeitado por um jardim
Lindos pássaros cantando
E não foi feito para mim

Um ar tão puro e inocente
Indiscutivelmente assim
Um cheiro tão leve e doce
E não foi feito para mim

Um lugar tão desejado
Como o gênio do Aladim
Tão melhor e tão sonhado
E não foi feito para mim

Um barulho insuportável
E no ar um cheiro ruim
A realidade de um mundo
Que foi feito por mim.


Cicero Chaves, 2007.

Profecia do fim do mundo

Fecha o tempo em oração
De uma única luz vestida num véu
Tristes lamentos de morte ecoarão
abrindo-se o chão, fechando-se o céu

Descerão os cordeiros
Subiram os demônios
Procurando os herdeiros
De um novo mundo de sonhos

Cairão os portões
Se abrirão as masmorras
E na fronte a visão
Desesperadora

A besta do inferno
Vem de longe saudar
O príncipe eterno
Que perdeu seu lar

O anjo decaído
Príncipe Samael
Com seu exercito imbatível
Invadirá o céu

Estrelas cairão
O vento perderá seu rumo
Será a ultima visão
Do fim do mundo.


Cicero Chaves, 2007.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Mais uma lagrima caída.

Deixou-me entristecido
Foi embora e eu fiquei
Pensando no acontecido
Fechei os olhos e chorei

A dor que já tivera sentido
Estúpido, não me dei conta
Corria o mesmo perigo
A faca sobre o meu peito ferido
Caindo em direção a ponta

As cordas que me apoiavam
Queriam todas me enforcar
As gargalhadas com quais ria
Me faziam chorar

A boca que me beijava
Lutava para me devorar
O seu sorriso
Me fazia chorar...

Mas não irei me ajoelhar aos teus pés
Ficarei de pé
Olharei para todos e direi
Tudo que fiz outra vez farei
Não tenho medo de ter medo
Seguirei o enredo
Vou até o fim desse jeito
Só pra saber como isso acaba.

Uns erram e aprendem com o amor
Outros continuam errando
Gostam de sentir dor.

25-08-08 Cicero Chaves Lemos Jr.

La vai a policia

La vai a policia
La vai a policia
Homem é homem
Cidadão é cidadão
La vai a policia

La vai o amor
La vai o amor
Cabeça é cabeça
Coração é coração
La vai o amor

La vão os devotos
La vão os devotos
Deuses são deuses
Igreja é igreja
La vão os devotos

La vai a vontade
La vai a vontade
Força é força
Desejo é desejo
La vai a vontade

La se foi a vontade...

Ciço .Poeta, 2008

Embora eu também não goste de classificar meus poemas, tenho que classificar esse como sendo Neo-Modernista, que era como mais que classificava minha antiga professora de literatura. Só por questão de curiosidade, a primeira estrofe é de autoria de um louco da cidade de Garanhuns - PE, quem mora lá deve conhecer, é um senhor que faz protestos/campanhas políticos(as) sempre carregando uma bandeira e usando um apito. O restante do poema foi inspirado no que ele passou gritando em frente ao colégio quando eu estava sentando na calçada da capela pois havia sido suspenso, anotei isso e tomei como base para esse pequeno texto, caba a vós a interpretação deste.

Poemas Antigos

Pra estrear o ano, poemas que escrevi a anos atras, datados de 2008, mas não sei bem o mês, quem lê este blog sabe que raramente posto algo que não sejam poemas, ou seja, coisas como essa. Tanto faz, é apenas uma breve explicação, os poemas a seguir estarão datados com o ano em que foram escritos, boa leitura e continue acompanhando meu blog.